Carta escrita pelo Pr. José Rodrigues descrevendo sua visita a Somália. Estes relatos são mais alguns motivos para estarmos intercedendo por esta nação carente do amor de Deus e de uma vida digna.
Me emocionei muito quando li!!
SOMÁLIA
Chegamos em Mogadísio, eu e o Marcelo, no dia 22/11/11 e nos deparamos com uma cidade que é uma praça de guerra: Muitos soldados em enormes caminhões, todos muito bem armados, muitas armas nas mãos de pessoas, aparentemente civis, barricadas com sacos de areia, enormes blocos de cimento nas ruas, muita destruição, muita poeira, muito calor.. Tudo isso nos impressionou muito!
No dia anterior à nossa viagem, às 4 da manhã em Nairóbi, quando nos levantamos para ir ao aeroporto, estava orando, ainda na cama, quando o Senhor veio e me disse: "Eu tenho a chave de Davi, que abre e ninguém fecha!" Me alegrei muito porque agora eu tinha uma palavra do Senhor para pegar o avião e vir.
Quem nos recebeu no aeroporto foram dois irmãos, não mencionarei nomes por motivo de segurança deles, apenas chamarei de irmão X, queniano, que a MCM apoia desde 2005 e o irmão Y, somali. O Senhor cumpriu sua palavra: temos uma porta aberta na Somália e o contato com cristãos precisando desesperadamente de nosso apoio e orações, dando suas vidas enquanto nós damos quase nada.
Fomos hospedados em uma casa bem protegida por altos muros e com sete soldados armados com metralhadoras e fuzis para nos proteger, o que foi uma exigência do governo para autorizar nossa entrada, pois o grande perigo aqui é o sequestro, principalmente por membros da AL Shabaab, organização terrorista, que luta contra o governo constituído e já tomou quase todo o país, menos a capital, que está guardada por 5.000 soldados quenianos e soldados da União Europeia.
Mogadísio, a capital, está com cerca de 4 milhões de pessoas, não cabe tanta gente aqui, mas eles vêm aos milhares do interior onde não chove a muito tempo e a fome é extrema, mas por saber que aqui há a possibilidade de distribuição de comida, eles vêm, inchando cada vez mais a cidade. É um ambiente quase desesperador!
Começamos a ouvir algumas histórias que precisam ser contadas para o mundo inteiro: Uma mãe saiu do interior para a capital com 8 filhos, em busca de alimento. Chegou aqui com apenas 3 filhos, os outros morreram de fome na viagem a pé. Outra mãe saiu com 5 filhos, depois de muito viajarem as crianças não tinham mais forças para caminhar. A mãe então teve que tomar uma decisão desesperada. Ela podia levar no colo apenas duas crianças. Então teria que escolher quais os 3 que deveriam ficar para morrerem de fome. E foi o que ela fez. Chegou em Mogadísio com as duas que escolheu. As outras 3 ficaram pelo caminho.
Meu Deus! Meu Deus!
Sei que posso pelo menos derramar lágrimas!
É o que estou fazendo.
No segundo dia de nossa estadia, fomos levados ao hospital da cidade; tudo muito pobre, pouquíssimos recursos, nem ECG eles têm e ao saberem que era cardiologista, (em todo o país não tem nenhum), atendi 12 pacientes numa manhã.
Conhecemos alguns acampamentos de pessoas que chegam em busca de comida ou assistência médica. São milhares e milhares... É de doer o coração (o meu doeu literalmente). São barracos redondos, cobertos com um plástico amarelo. Enquanto íamos tirando fotos e filmando as mulheres com suas crianças diziam: "hungry!" "hungry!" (fome). A MCM vai distribuir U$7.000,00 (dólares) em alimentos no dia 25, mas isto é uma gota num balde.
Nesta noite conversei por muito tempo com o irmão Y, o somali (ele é um cristão secreto).
Ele me disse que em toda a Somália deve haver uns 400 cristãos, e na capital deve haver cerca de 50 cristãos. Todos em absoluto segredo.
O povo somali não sabe o que é calma, tolerância; a ira está á flor da pele, em um instante estão prontos para matar ou morrer. Aprenderam a viver em um lugar tão violento, onde a morte é companheira deles. Uma informação me deixou triste e revoltado foi que o povo, em geral, quer a paz, mas os líderes da guerra não querem, porque ganham muito dinheiro com ela.
Quem quiser saber o que é céu fechado venha para a Somália!
Mas diante do que vejo, eu me firmo na Palavra do Senhor: "EU TENHO A CHAVE DE DAVI, QUE ABRE E NINGUÉM FECHA" e cada vez creio no que está escrito: "as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim, poderosas em Deus para destruir fortalezas".
Se orarmos regularmente pela Somália é impossível que essa situação não mude completamente, nós temos a chave do Reino dos Céus, que abre qualquer porta.
No outro dia, atendi novamente no hospital da capital. Chegou uma senhora de uns 55 anos, muito magra, respirava com alguma dificuldade. Comecei a fazer perguntas sobre o que estava sentindo. Era febre, muita tosse, (a tuberculose, a brucelose, a febre tifoide e a malária são as maiores endemias aqui) e, na conversa, ela contou que viajou durante 5 anos para chegar aqui em busca de ajuda (eu disse cinco anos). Veio de muito distante, a pé. Por muitos anos seu sonho era poder ser ajudada, ver um médico a sua frente, ser medicada, e comer... E eu? O que poderia fazer? Provavelmente nunca mais terei notícias dela, mas vou guardá-la no coração como um símbolo.
Voltaremos aqui! Mudaremos essa história pelo poder do Evangelho. Eu me lembro que em 2005, quando pela primeira vez visitei os índiosTurkanas, no deserto do Quênia, ao fotografá-los, um senhor bastante idoso me disse: VOCÊS VEM AQUI, TIRAM FOTOS, E NUNCA MAIS VOLTAM. Ouvi envergonhado, e no meu íntimo disse: Dessa vez não vai ser assim, e hoje a história do Turkanas está sendo mudada, porque voltamos e estamos cavando poços de água no deserto. Cada poço beneficiando uma comunidade de 5.000 pessoas. O mesmo acontecerá na Somália pelo grande poder que o Senhor tem para transformar uma sociedade!
Não saberia dizer o que é pior e mais infernal, se o comunismo na Corea ou o Islã aqui.
Hoje, enquanto atendia no Hospital, estava sentindo como se tivesse 100 toneladas nas costas. A opressão era tanta que meu corpo doía todo, o Marcelo com ânsias de vômito, eu então comecei a orar alto, em português, dizendo ao diabo que estava com muita ira dele, aí o céu melhorou, começou a abrir, e agora está muito melhor, acho que nem em Varanasi, no começo, o céu era tão fechado.
O Islã tem uma estatística mentirosa (afinal seguem o pai da mentira). Aqui na Somália, como nos países islâmicos, todos são obrigados a seguir a religião islâmica, no entanto, penso que uns 90% deles não são de fato muçulmanos. Aqui ninguém pode seguir outra religião senão o islamismo, mas na prática são muito poucos que praticam, muito poucos mesmo.
Outro caso médico que atendi que me marcou, foi uma moça de 27 anos, já com 8 filhos (o islã não permite uso de contraceptivos).
Mai tarde fomos visitar um outro local de atendimento médico (não posso chamar de hospital). Não tinham uma única gota de remédio; e na "sala de parto" uma paciente estava dando a luz, nada mais primitivo, sem nenhuma higiene. Mas nada me impressionou tanto quanto os barracos dos acampamentos, milhares e milhares... Um dos problemas sociais mais graves que já contemplei!
No próximo relatório vou compartilhar sobre a distribuição de alimentos que faremos e a reunião com um grupo de cristãos secretos. Na Somália, se uma pessoa confessa ser cristã, ela terá duas opções: ou retornar ao islã ou ser morta publicamente, não sem antes ser mutilada: Cortam um braço, ou a mão, ou uma perna, para assim terem um tempo para se "arrepender" e voltar ao islã.
José Rodrigues - MCM
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